29.7.11

Você nunca conhece

Eu acredito em filmes reveladores.
Um dia antes do meu aniversário de 21 anos, vi o filme "Amor à flor da pele", e chorei horrores. Marcou minha vida. E o filme nem é tão bom assim, a trilha sonora tem Stereophonics (que eu adoro) e o protagonista é Josh Hartnett, de quem fui fã desde o primeiro filme (e agora já nem sou).
Fiz a mesma coisa nos meus outros aniversários. Assisti um filme que pela capa do dvd ou pela sinopse ou simplesmente, por intuição, achava que poderia me mover de alguma forma, ou me desabitar daquele lugarzinho cômodo no qual me situo ou qualquer coisa que mexesse com minha personalidade, seja lá o que isso significa.
Esse ano não vi nada de bom antes do meu aniversário. Mas quando li nessas férias aquele livro do Kevin (Precisamos falar sobre o Kevin), achei que talvez esse fosse o negócio que me desabitaria. E realmente foi.
Mas não só.
Amanhã eu me mudo. Mudo de casa, de bairro, de rotina, e de estado civil também.
Hoje eu talvez devesse comemorar o fim de um ciclo, festejar a mudança, brindar à casa nova, ou simplesmente, estar como uma louca pensando nas caixas de papelão, no dinheiro gasto, no que ainda falta embalar.
Meu namorado/marido saiu para beber umas com os colegas do serviço e ele me recomendou fazer o mesmo.
Mas eu resolvi alugar um filme. Um que ainda não tinha ouvido falar, sem ler a sinopse e que a capa fosse quase um ponto de interrogação.
Adoro esse programa já nada comum das solitárias sextas à noite.
O rosto de Al Pacino bem grande, ocupando a folha inteira do dvd, evidenciando todas as rugas e marcas de expressão, experiência e tudo o mais o que os anos acarretam me chamou bastante atenção.
"Você não conhece Jack" é o nome do filme.
O que tenho a acrescentar é que não poderia ter sido escolha melhor.
Quando terminou, saí de casa, devolvi o dvd (já que amanhã não estarei mais aqui) e fui me despedir do bairro. Dei uma volta e estou de volta. Pronta para outra.

Ellen Maria

26.7.11

Quem vive no inferno se satisfaz com um gole d'água



O Mundo Mágico de

Escher.
Eu fui, você foi, quase todos foram, no final das contas.
Eu descobri num tempo relativamente bom para me programar: duas semanas antes de começar a tão aclamada exposição.
Eu consegui realmente ir só no antepenúltimo dia antes do fim da mesma.
Era boa. O artista é mesmo poderoso. Conseguiu fotografar com um só lápis as paisagens europeias com todos seus detalhes. A tridimensionalidade que o cara transportou para o papel ficou perfeita. As formas geométricas, os ângulos, o antropomorfismo... tudo genial. Todas as linhas, as curvas, o jogo dos espelhos... bem interessante.
E por que será que não me impressionou? Críticas, fotos na internet, comentários e também, a expectativa me fez brochar. Quando cheguei lá e vi a fila e me dei conta de que quase tudo que eu ia ver lá eu já conhecia de cor e salteado, muitas dos quadros que eu ia poder sentir com meus próprios olhos eu tinha gravado em Jpg no meu computador, minha vontade era de ir embora. Mas pelo tempo gasto, pelo busão lotado, pela ansiedade colocada e tudo mais que já me acompanhava, resolvi ficar e observar. Todo mundo que vem tem que tirar uma foto naquela casa torta do Escher, quem é maior e quem é menor? Hahaha. Não vi a menor graça. Mas fiz cara de sim. Depois de ver
Ele, ela, o papagaio, o cachorro e o piriquito na foto do facebook com cara de propaganda de margarina naquela maldita casa torta do Escher, eu dei graças a Deus e ao Centro Cultural Banco do Brasil que a exposição acabou. Valeu
enquanto durou.

para Os.

Ellen Maria

17.7.11

Agosto.

Sim, eu sei que ainda estamos na metade de julho, o título é esse mesmo. E que metade complicada desse mês ainda me falta. Preciso mudar de casa logo para adiantar, preparar as provas da escola para adiantar, ler Echeverria e Darío para adiantar, começar a comer menos para adiantar... ai, enfim... complicando meu final de férias para descomplicar um pouco o que será o semestre que se aproxima.
Mas por que estou falando isso?
Agosto, na verdade, é o nome do livro que terminei de ler, de uma autora nova chamada Romina Paula. Sei, faz pouco tempo que fiz um outro post falando sobre um livro que terminei de ler. Estou de férias, lembra? Aproveito para ler tudo aquilo que quis e não consegui antes. Agosto é um livro extraordinário simples, conta a viagem de uma guria argentina que sai de Buenos Aires e vai até sua cidade natal na Patagônia porque se passaram cinco anos que sua melhor amiga morreu e as cinzas que foram seu corpo um dia vai ser atirado no rio. Então a história dura quase uma semana... que é o que dura a viagem até que volta.
O que eu curti foi que lendo o livro passei a querer ser a guria um montão de vezes. Gosto de quando um livro me faz entrar dentro dele, da história, do drama.. em muitos momentos, pensava que o que ela pensava eu também penso, como mudar de direção num impulso, questionar se tudo que vivo é realmente o que quero e o por quê das decisões que já tomei até aqui... e sentia! caramba, como senti o que a personagem sentia.... a mina se excita com uma música enquanto está no carro com seu antigo namorado e eu também me excito! parei duas vezes parar beber água e voltar a si. O que faria se eu fosse ela? Isso me perguntei quase que do inicio ao fim do livro.
Por que ler? Por tudo isso que já falei: são muitas emoções. Que mais? Para treinar o espanhol está bárbaro! A linguagem do livro é quase uma transcrição do oral... cheio de gírias e argentinismos. Que mais? Porque estou recomendando. E não faço isso sempre. Em agosto, por exemplo, sei que não vou fazer nem uma só vez. Voltarei a ser eu mesma, uma professora da zona sul de Sampa.... e Emilia, a protagonista, ficará em Buenos Aires.

12.7.11

Precisamos conversar sobre isso.

Hoje terminei de ler um livro.
Resolvi re-abrir este blog por isso.
Este ano, li só doze livros até agora, mas o que eu terminei hoje, com certeza, será o melhor do ano, mesmo que até o último dia de dezembro eu só leia romances fenomenais (e eu sei que não será assim), eu já sei que este foi o melhor livro de 2011. E entra, sem pestanejar, na lista dos melhores que eu já li na vida.
Chama-se "Precisamos falar sobre o Kevin", de Lionel Shriver. Não vou contar sobre o que se trata. Acho que este primeiro parágrafo deve ser o suficiente para merecer a vossa leitura. O livro custa caro, ganhei de aniversário da minha mãe porque eu tive dó de gastar uma nota de cinquenta só com ele. Com esse dinheiro, costumo comprar dois ou então três dvds. De qualquer forma, se eu soubesse que era tão bom, eu teria pago. A gente nunca sabe só pela capa. Mesmo que a capa (uma foto em branco-e-preto de um menino com uma máscara de gato) seja muito boa.
2011 tem sido um ano de poucas leituras. Isto significa que li muito... para a faculdade (último ano de Letras) e para o trabalho (professora de espanhol para todas as turmas do ensino fundamental II e ensino médio). Aquela frase "Não deixe que a universidade atrapalhe os seus estudos" não é mito: nunca gastei tanto com fotocópias de artigos e capítulos para meu curso, nunca passei tanto tempo lendo provas e redações de meus alunos, ou seja, nunca gastei tanto tempo de um semestre lendo. E, no entanto, nunca li tão pouco do que realmente me dá prazer.
Quer dizer, sempre me disseram que eu deveria fazer uma faculdade que me desse prazer. Sempre me disseram que eu deveria trabalhar com que me desse prazer. Por isso, escolhi Letras e também por isso, escolhi ser professora. Realmente gosto de tudo que eu faço.
Mas fazia tempo que eu não me emocionava fazendo alguma coisa. Hoje quando terminei de ler este livro, que só comecei a ler porque estou de férias (são 463 páginas... não dá pra ler enquanto estou vivendo o "semestre letivo"), lembrei o porquê eu escolhi Letras e porque escolhi ser professora. A linguagem me encanta.
Por mais que eu não tenha muito tempo pra isso, não é possível deixar de escrever, ler, e, portanto, de se emocionar. Não posso deixar que isso escape de mim.

Ellen Maria

Primeiras Palavras

Título do blog:
Caçando Gambuzinos no Passo de Guanxuma

Proposta:
Postar resenhas sobre livros, filmes, ocorrências, poemas, traduções e não pertinências

Objetivo:
Tirar o que de mim presta. Apaziguar ou enfurecer leitores anônimos e/ou conhecidos. Que esses e aqueles possam inferir também na minha vida

Estratagema:
Nenhuma específica. Prosa, poesia, vídeo, imagens e sons podem ser utilizados para a expressão

Bibliografia utilizada:
Extensa. Só não é eterna, porque toda biblioteca pessoal tem uma data de mortem.