1.12.15

declama e ouvido

teu texto não fragmento
não fujo ainda que agora
doa, é sofrimento
ausência 
de um bocado de explicações
escuto
tua língua afila
mas é um manto de feltro
verde que me cobre
um rio doce que chora e lava
e
meu olho suga 
um pedaço de outra dimensão

que se sustenta

meu sorriso te anuncia
não estou mais só
teu olhar afirma
desadoeceu um buraco negro 
por dentro
a natureza devora
tudo que brilha
e devolve em silêncio
tempo
tempo que implora
um pouco mais de tempo (respira)
dentes em parassintética sintonia
isto é, poesia em expansão.


Ellen Maria

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