Herberto Helder.
12.8.13
Torres
"Não pensem que as torres desaparecem assim, que nos livramos delas. Inquietam-nos. Caem sobre as nossas cabeças ou contemplam-nos, imóveis, implacáveis. E imaginava eu que mal reparara nela. É assim: estamos diante das coisas; não as vemos. Só mais tarde, absurdamente, sabemos que apenas fizemos isso: vê-las e possuí-las. E ser apanhado por elas. Era julho. Um clarão de luz caía sobre a cidade, vinha por trás e batia-me nas costas, despenhando-se no quarto como uma onda de água. Quarto ascético. Paredes nuas, cama de ferro, uma prateleira para livros, a cadeira, a mesa. No chão, a minha mala ainda por abrir. Teria eu uma vocação? Qual seria? Que fazia eu nesse quarto? Que significava tudo isso?"
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