Parece bobagem, mas quando um ex-amor se casa, com outra pessoa, meu olho enche d'água.
Não de ciúme, inveja ou desafeto. Mas porque me transborda um impedimento já não mais disposto a suportar grades. Ou bolsas impermeáveis. A boda, como se sabe, é a celebração do amor, uma festa. E quando um ex-amor se casa, em alguma parte, eu me sinto casando também. Faz-se presente à face um pouco de dentro. O terno, o laço, o nó da gravata, a aliança. E incapacitada de poder abraçá-lo, felicitá-lo, e desejar que seja imortal, posto que é chama, a lágrima fornece o sal eterno, o sal sagrado, meu presente de casamento. O matrimônio, como se fia, é um tanto difícil de mantê-lo. Mas se fica um amor de ontem na lembrança, finca mais ainda o amor celebrado hoje. E escorre para todos os lados.