"entender que todo lance de ter cuidado é de uma irresponsabilidade fodida. a anarquia que é botar esses meus olhos de manicômio largado nos homens. sem mais nem menos perguntar as horas, que dia é amanhã. qual o gosto do útero. se com cinquenta pombas faz-se lixeira ou avião. quantos anos você escondeu no último pesadelo. se deus é um bom partido porque trai descarado. filiar-se à loucura, tomar seu partido seu latido sua hemorragia. os gametas vão e vêm, as estrelas continuam mortas - em especial nos poemas. todo medo é falcatrua ocidental. eu quero me tramar na sua casa hoje. perpetuar a tua língua por um milésimo de segundo. só o tempo de o sinal abrir e o carro de trás
buzinar. porra, a confluência das peles. looping eterno: desejo não desejo / desejo não desejo / desejo. ninguém diz o que é preciso ouvir. por essa razão surpreender a petulância com uma cobra na mão e uma dose de pinga noutra. ser maria bonita, gerda, guerra do golfo. limpar o peixe com as unhas, não terminar os livros porque eles nunca começaram. nunca houve o primeiro. chá gelado, monogamia, bife de fígado, blue balls, cordialidade, baseado nos estudos de, segundo a historiografia do, barulho de giz na lousa. com quantas canetas bic se monta um consolo pra tudo isso. eu quero me tramar na sua casa hoje porque ainda não posso com o mundo. porque ainda me agarro à conversa fiada, porque ainda tenho cuidado e covardia gravitados nas ancas, nas estalactites depois do assobio fraquejado. não tem nada mais deprimente do que karaokê vazio e os olhos de quem desistiu de atear fogo num bonde."
Natasha Felix
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