Um corpo
lânguido
um corpo
invertido
um corpo
exótico
um corpo
mestiço
um corpo
rígido
um corpo
erótico
um corpo
cálido
um corpo
ao lado
uns corpos tão
o professor os apresenta
um estado
fundamental
depois, o êxodo da língua
não tiro os olhos
para
nada
morango uva melancia melões bananas
a caneta desenha
enquanto a fome
delirante se materializa
cactos marcas que se escondem
sombras cicatrizes unhas olheiras
geologias tatuagens
um coroa de espinhos sobre o útero
existem muitas maneiras de se expressar
depois troca grafite carvão lápis pincel
as mãos tremem
os dedos endurecem
(metonímia)
os rabiscos incertos
(não tiro os olhos para nada)
os modelos são fortes
as modelos são lindas
os modelos são lindos
as modelos são formas
mistura de traços na tela
os corpos não se mesclam
se entrelaçam
o meu olho compenetrado
(metonímia)
a mão está onde a cabeça quer
eu quero e desenho
eu quero e pinto
eu quero e balbucio
não teria coragem de pronunciar meu desejo
engulo a saliva em seco
(será possível?)
fingida mesquinhez
eles não me dizem
mas nem precisam
mirada de boneca inflável
(mas as musas também trepam
não trepam?)
me vem uma canção suja
eu quero te foder
eu quero te foder agora
bom dia para morrer
poderia morrer agora
ou amanhã de manhã
a letra intriga o mundo das ideias
faz tanto tempo que eu
uma hora e meia intervalo quinze uma hora
intervalo quinze
uma hora
e se me escapa a baba
agora sim
um café um cigarro uma coxinha
e vou para casa
deu por hoje meu deus
respira
que piração
quantas imagens
Foi uma tarde interminável
mas pressagio que terá uma noite
uma voz interna diz
que vou me olhar
melhor
ainda.
Ellen Maria
Nenhum comentário:
Postar um comentário