31.8.17

"ruas
tocar a morte no mínimo
umas duas
ainda que dessas do tipo
num era pra ser
até reconhecer a saliva de cada bicho tocar
tambor numa rua vazia
acordar quem te faz dormir é preciso
dançar com aquele cego às duas
cegos num olham só pro próprio
escuta
uma umbigada de resistência
toca o tambor feito de pele de rua vazia
de ferocidade e simetria
e de cesuras e de sintomas
a linha a grade
a mão que em braile embala o arame a farpa
que pega pela mão e carrega
a estrada
de meio fio a meio fio de sono a sono
luz arrastada de calçada até portas
o som do fóton no tapete de boas chegadas
antes e depois
os meios os muros que dizer
as fachadas
também é perguntar isso é entrada ou isso é saída
a simples sustentação de falas cognatas

num tinha um poste aqui
bandeira de luz fincada ou uma catraca
demarcações
que nos vinculam"

Bruna Mitrano e Ricardo Escudeiro