11.5.16

Ontem

"você se deixou abraçar pela primeira vez.
até assustei,
um enlaço de anos que eu queria tanto faz tempo e nenhum momento possível na minha vista, mas ontem
você estava Pronta, estranhamento aberta quando nossos corpos se encontraram e se grudaram
pelos segundos que ficaram estendido até
hoje quando acordei e
tentei de novo, a lavanda do teu perfume sumida de mim,
eu precisava dela
pelo menos mais uma vez.
saí da cama te adivinhando pelos cômodos,
te encontrei de costas
na cozinha fazendo
suco
tão dura
quanto um tronco
morto
por um machado na mão do homem que não sabe que se mata enquanto mata
o tronco, foi
triste e ver Fria
mesmo depois de
Ontem.
pelas cordas invisíveis em mim que me avisam do
melhor ir ou
melhor não ir (chamam intuição, prefiro
a Corda)
por ela notei
que ontem morreu como possibilidade de hoje.
alguma coisa que não se repete acontece com a gente dia a dia.
com o mar também. com as guerras. nada é igual a ontem nem 1 tiro dado igual,
nenhuma onda exatamente do mesmo ou no mesmo lugar,
o surfista ontem surfou,
hoje caldo e
natação, nenhuma pessoa
sobrevive ao
hoje. em um jornal da cidade
se teve notícias que alguém não mudou. depois descobriram
que o jornal era um livro de poesias,
vê? não adianta fugir da coisa.
ela é pequena e sem nome, mas tem nos quadros dos pintores que enlouqueceram.
é uma vírgula no vento que bate nos cílios,
uma bobagem na carne morta levemente viva quando o garfo a espeta,
alguma coisa entre o piano e o dedo além do
pó que
Muda
a gente
profundamente nos tornando 1 ser humano diferente por dia.
é Mínimo,
só percebe isso
quem já descobriu por dentro que somos esse alguém que nos abandona no fim do dia pra nunca mais.
o mas não percebe. a montanha os pássaros
não percebem. a água
só cai do olho de quem notou."

Aline Bei

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