Desprender da leveza
do gozo matutino
recebido carinhosamente
por ele
tão fluido
quanto o peso
do suor tenso
que escorre
em certas noites
nas ruas com medo
do outro
Despedir da lágrima
de saudade de quem nunca
pertenceu e esperar que a saliva
preencha o vazio da fome
(ainda não é hora de correr
nem comer)
Habitar a nuvem
que dissipa e se condensa
proporcionalmente à
quantidade de água
acumulada
Ser setenta por cento
líquido
e outros trinta por cento
carne encharcada
secando ao sol
Reconhecer a alteridade
e o caos na composição
que há em cada gota
milenar do corpo
e desistir de todo e qualquer
preconceito
já que eu também sou você.
Ellen Maria
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