4.5.15

entre sombras

ninguém me conhece
quando aviso aos meus medos que eles não existem
e saio a assoviar canções antigas em becos escuros
em noites escuras e chuvosas
cheios de bruxas soltas
ninguém me conhece
porque eu fecho os olhos
e depois abro e dou risada
de todas elas
quando eu digo séria
o olho brilha à pergunta que eu já sei a resposta
porque fui eu quem dá a resposta fazendo a pergunta
quer ser meu namorado?
vejo um filme de terror sozinha
e ele dorme ao meu lado
se esse tapete da sala falasse
ele diria que não houve noite mais longa
que as nossas últimas setenta e duas horas
juntos aos poucos vou reconhecendo
o que me define
entre as luzes da tv e essas pausas
no sono e nas conversas
cinema, música, literatura
as coisas vão muito bem
e um beijo de spider man faz esquecer o controle.

Ellen Maria

Um comentário:

  1. aracnídeos (e seus santos desdobramentos e venenos) desdobram pernas (quase) tão vastas quanto a noite guarda. e a história, sem perguntas, pede.

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