"Amor é um coelho branco
que gritasse é tarde, é tarde,
é tarde, Inês é morta".
(Leandro Durazzo)
Amor eu dizia
é um par de joelhos
com cara de recém nascidos
e uma boca babando
com cara de mãe
de primeira viagem.
Amor eu dizia
é um corpo boiando no mar
os pés salgados, as mãos salgadas
os cabelos, as costas
e a boca sugando o sal do sol
sorrindo.
Amor eu dizia
é o instagram apagado
o facebook bloqueado
e a frase do twitter que reacende
a líquida esperança.
Amor eu dizia é a unha
que cresce rosa, branca e torta
que cresce rosa, branca e torta
e o dente que arranca a cutícula
até sangrar.
é raiz oleosa e pontas duplas
e o creme que adere
e hidrata o cabelo
por inteiro.
é a planta do pé cheia de terra
e o cheiro de chuva
que fica adormecido nela.
é o requeijão estragado de manhã
a indigestão a tarde
e o vômito calmante da noite.
é uma canção de Molly Drake
num videokê sujo
no bairro da Liberdade.
é o requeijão estragado de manhã
a indigestão a tarde
e o vômito calmante da noite.
é uma canção de Molly Drake
num videokê sujo
no bairro da Liberdade.
é a lágrima do olho
que não cai
quando o corpo inteiro chora.
é uma criança aos berros
no chão do supermercado
e o mundo ignora.
é a impressão digital que fica
no espelho do banheiro do motel
de propósito.
é um deus bêbado dançando tango
e um poeta com câimbra
dando ré num trator.
é uma criança aos berros
no chão do supermercado
e o mundo ignora.
é a impressão digital que fica
no espelho do banheiro do motel
de propósito.
é um deus bêbado dançando tango
e um poeta com câimbra
dando ré num trator.
Amor eu dizia
hoje eu sinto
tanto sono
tanto sono
e não espero nada
além de dormir.
Ellen Maria
além de dormir.
Ellen Maria
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