24.8.14

Líquido translúcido

Eu escrevi no vidro
de canetinha
não seu nome
mas o da filha
que não tivemos
assim a luz pôde passar
o sol pôde entrar
e esse nome amarelar
maria bela
emilia ela
e depois de uns dias
apaguei com álcool
para esse apartamento deixar
e só a memória dela
conservar
assim como o amor
o nosso
que o tempo não apagou
mas fez evaporar
e depois se precipitar
como a chuva que se anunciou
agora na minha janela.

Ellen Maria

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