E eis que nasce o primeiro filho de um ex namorado.
E a reação primeira é de vasculhar a mini vida alheia: saber nome, data de nascimento, signo, cor de olhos, formato do nariz, boca, que maternidade veio ao mundo, se tá mais pra bonito ou pra feio...
Depois, ver fotos da mulher, é claro: fotos dela no pós-parto, grávida, antes de embuchar... e fazer comparações: se está mais gorda, mais feia, com mais olheiras, com mais peso, com mais dentes no sorriso (ou não)...
Em seguida, ver fotos dele: antes e depois de ser pai, se parece mais ou menos contente, mais ou menos frustrado, mais ou menos apaixonado...
Fazer suposições é o passo seguinte, pelo que o facebook deixa rastrear: se ela já estava grávida quando casaram, onde é que estão morando, que fazem para sustentar o bebê, que fazem para se divertir, se ainda tem vida social, sexual e amorosa paralela à vida de pai e mãe de um recém nascido, quem dos amigos são os mesmos daquele passado distante, quando a namorada era outra (no caso, eu) também passam por aí.
A próxima reação é querer nunca mais entrar na página deles. Que sejam felizes, é possível pensar, num voto verdadeiramente sincero, meio de orgulho ("eu o ensinei a amar alguém") e com um ligeiro ar de desgosto ("ele já tem uma família linda").
Tentar se transpor para aquela vida não é um tópico. O nível presente de contentamento com a própria vida é muito maior do que quaisquer possíveis sentimentos de ciúme, inveja ou dor de cotovelo.
Mas sobre uma coisa, não resta dúvida: a última reação.
Meu bebê será mais bonito.